Outros pensamentos não me vêm à cabeça, só penso nele, me olhando atrás da porta, no sofá da sala, dentro do armário, e até dentro de minha própria cabeça, tentando controlar meus passos, dizendo ter controle sobre acontecimentos futuros que não estão em minhas mãos.
ELE NÃO É REAL! Sei disso.
Quando escurece essa certeza transforma-se em talvez, e durante a insônia das três, não tenho mais certeza de nada, sinto que a qualquer momento o verei, ouvirei sua voz, sentirei sua respiração em meu pescoço, e mesmo não a sentindo, não tenho coragem de me virar, viro estátua, minha espinha gela, tenho sede, mas não me atrevo a ir até a cozinha. Com a coragem que me resta, ligo a TV, o barulho me acalma, não tenho que forçar outros pensamentos para me livrar do medo, a TV faz isso por mim, eu durmo.